Exatamente como fora anunciado, "o
Verbo se fez Carne e habitou entre nós". No seio de uma Virgem
puríssima. Estamos no segundo ato do drama da humanidade. Agora, um
anjo abre as portas de um novo paraíso - e conversa com uma mulher.
Ele é um anjo bom e ela a nada mais aspira que ser a "serva do
Senhor".
Por isso, Deus a fez "bendita entre as mulheres"
e "todas as nações a chamarão bem-aventurada". "O anjo Gabriel foi,
por Deus, enviado a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma
virgem desposada com um varão, que se chamava José, da casa de Davi - e
o nome da Virgem era Maria". (Lc 1, 26)
José e Maria eram puros e santos. Eram casados,
sim, diante da lei, diante dos homens. Deus quis que seu Filho
nascesse numa família. Mas eram virgens e virgens permaneceram durante
toda a vida - vida de perfeita doação a Deus.
Entre os judeus, o casamento constava de duas
cerimônias; o desposório, em que os noivos eram considerados legítimos
esposos, porém, cada um continuava a residir em sua casa paterna; e,
cerca de um ano depois, a festa de bodas, em que a esposa era
solenemente levada à casa do esposo. Maria, desposada com José,
concebeu antes dessa última cerimônia.
Voltemos ao Evangelho: "Entrando o Anjo onde
ela estava, disse: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo, bendita és
tu entre as mulheres. Quando ela ouviu, turbou-se com o seu dizer e
cogitava que saudação fosse esta. E o anjo lhe disse: Não temas, Maria;
pois achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás em teu seio e
darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus.
Este será grande e será chamado Filho do
Altíssimo e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu Pai, e reinará
na casa de Jacó eternamente. E o seu reino não terá fim. E disse Maria
ao anjo: Como se fará isso, pois que não conheço varão? E respondendo,
o anjo lhe disse: O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do
Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. E por isso que o Santo que
nascerá de ti será chamado Filho de Deus.
E aí está Isabel, tua parenta, que também ela
concebeu um filho na sua velhice e este é o sexto mês da que chamam
estéril. Porque a Deus nada é impossível. Então, disse Maria: Eis aqui
a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 25s).
Foi, então, aí que Maria soube do que se
passava com Isabel, decidindo-se a visitá-la, permanecendo com ela cerca
de três meses, ou seja, até João nascer. A partir do momento em que
aceitou a maternidade divina, Maria tornou-se grávida de Jesus.
S. José percebeu a gravidez. Atônito, sem
saber do que se passara, "decidiu-se a deixá-la, secretamente". Mas o
anjo intervém: "José filho de Davi, não temas receber a Maria, tua
mulher, porque o que nela se gerou é obra do Espírito Santo" (Mt 1,
20).
Jesus - Deus e homem - é filho de Deus e de
Maria. S. José é seu pai adotivo. Pai adotivo que, na pureza e
humildade, desempenhou a missão de chefe da mais Santa família que
houve na terra. Vemos no anúncio à Virgem, na mais importante mensagem
que os homens já receberam, a origem da mais popular oração: a
Ave-Maria - oração que nos veio do Céu, oração que aprendemos de um
anjo.
Iluminada pelo Espírito Santo, Isabel acrescenta
o seu louvor. Mais tarde, no século IV, introduz-se a palavra Jesus,
E, no século XVI, é completada pelo último parágrafo, nascido da
devoção da Igreja e prescrito por S. Pio V, em 1570.
Assim, temos a Ave-Maria completa: Ave Maria,
cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois entre as mulheres e
bendito é o fruto de vosso ventre: Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus,
rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
Também muito bonita e inteiramente ligada a este assunto é a oração do Angelus:
O Anjo do Senhor anunciou a Maria. E ela concebeu por obra do Espírito Santo.
Ave Maria, cheia de graça ...
Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a vossa palavra.
Ave Maria, cheia de graça ...
E o Verbo se fez carne. E habitou entre nós.
Ave Maria, cheia de graça ...
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos
Infundi,
Senhor, vossa graça em nossas almas para que nós, que conhecemos,
pela anunciação do Anjo, a encarnação de Jesus Cristo, vosso Filho,
cheguemos, por sua Paixão e Cruz, à glória da Ressurreição. Pelo mesmo
Jesus Cristo, Senhor nosso. Amém.